Vasectomia é um procedimento seguro, eficaz e permanente para o controle de natalidade para os homens. Além disso é o método mais econômico de controle de natalidade, pois custa menos a longo prazo do que o uso repetido de camisinhas, pílulas anti-concepcionais e dispositivos intra-uterinos (DIU). Custa também metade do valor de uma laqueadura tubária feminina (ligadura das trompas). Nos Estados Unidos (EUA), 1 a cada 5 homens a cima de 35 anos já fez o procedimento.
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Os espermatozoides são produzidos nos testículos e, em seguida, são armazenados no epidídimo (situado na superfície superior dos testículos). Dessa maneira, terminam seu processo de maturação e tornam-se capazes de fertilizar os óvulos femininos.
No momento da ejaculação, no entanto, o fluido seminal contendo os espermatozoides é transportado dos epidídimos até a uretra. Através deste canal, será expelido para fora do corpo por um ducto chamado “vaso deferente”. Esses ductos deferentes são tubos longos e finos que “nascem” nos epidídimos localizados na bolsa escrotal. Então, passam por trás da bexiga e, assim, desembocam na uretra ao redor da próstata. A uretra é o canal que transporta urina e esperma para fora do corpo.
Portanto, vasectomia é o nome do procedimento em que se ligam e cortam os vasos deferentes (por isso o nome). Desse modo, interrompe-se o transporte de espermatozoides do testículo para a uretra.
É recomendada para homens que desejam um método de controle de natalidade que possua todas essas características:
– Seja permanente;
– Não precise de preparo algum no momento das relações sexuais;
– Tenha uma alta taxa de sucesso e baixo risco de complicações;
– Não permita mais ter mais filhos.
Caso o casal ainda tenha qualquer dúvida se ainda deseja ter mais filhos no futuro, a vasectomia não é o melhor método. Nesse sentido, são mais indicados outros métodos reversíveis de controle de natalidade (preservativo e pílulas anticoncepcionais, por exemplo).
Para a realização da vasectomia é indispensável a assinatura do “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido” pelo casal (homem e mulher se casados ou apenas do homem caso seja solteiro), além da assinatura de uma testemunha. Acima de tudo, este documento explica sobre a possível irreversibilidade do procedimento, dos riscos de complicações cirúrgicas e da possibilidade, ainda que muito baixa (1%), de insucesso da vasectomia em prevenir a natalidade.
No Brasil, por lei, deve-se esperar um período de no mínimo 60 dias (2 meses) entre a assinatura do termo de consentimento e a realização da vasectomia. Dessa forma, garante-se que o casal tenha realmente certeza de que deseja prosseguir com a cirurgia. Além disso, muitos convênios ainda exigem que a assinatura do termo seja registrada em cartório (reconhecimento de firma).
A vasectomia é uma pequena cirurgia (dura cerca de 30 minutos) em que dois pequenos cortes são feitos, um de cada lado do escroto. Assim, permite ao urologista isolar e cortar os dois vasos deferentes (geralmente, retira-se 1 cm de cada ducto deferente).
A vasectomia pode ser realizada no consultório, apenas com anestesia local. Entretanto, grande parte dos pacientes prefere submeter-se ao procedimento no hospital-dia (centro cirúrgico). Dessa forma é possível realizar uma sedação (paciente dorme e não se lembra de nada), aumentando o conforto e reduzindo a ansiedade durante a cirurgia. Nesse sentido, o paciente permanece poucas horas internado, recebendo alta no mesmo dia.
– O fator mais importante para uma boa recuperação cirúrgica após a vasectomia é repousar, principalmente nos primeiros 2 a 3 dias de pós-operatório;
– Logo após a vasectomia é possível que haja um pouco de dor ou inchaço na região do escroto. A aplicação frequente de toalhas ou lenços com gelo por cima da cueca, assim como o uso de analgésicos e anti-inflamatórios, reduz esses sintomas;
– Os pacientes submetidos à vasectomia devem evitar qualquer atividade física por cerca de 5 dias. Após 2 semanas já podem realizar exercícios físicos intensos e levantar pesos;
– Evitar banhos de imersão (banheira, piscina) por 48h após o procedimento;
– O homem submetido a uma vasectomia pode voltar a ter relações sexuais após 2 semanas do procedimento. No entanto, deve utilizar algum outro método contraceptivo (camisinha ou pílulas anticoncepcionais) até ser liberado pelo urologista. Geralmente, isso acontece quando o espermograma não demonstra mais presença de espermatozoides;
– Logo depois da vasectomia, os homens devem ejacular no mínimo 20 vezes antes de realizar o espermograma, após 3 meses da operação, para “limpar” os espermatozoides restantes nos ductos.
– Sangramento: Um pequeno hematoma ou sangramento no local da incisão é comum. Entretanto, sangramentos mais graves ocorrem em menos de 5% dos casos de vasectomia. Além disso, a maioria dos sangramentos ocorre nas primeiras 48h após a cirurgia, podendo causar grandes hematomas que podem necessitar de uma nova abordagem;
– Infecção: Infecção ocorre em até 4% dos pacientes submetidos a vasectomia, geralmente restrita ao local da incisão no escroto. Nesses casos o tratamento consiste no uso de antibióticos por via oral;
– Granuloma de Esperma: Ocorre em 15% a 40% dos casos de vasectomia. O granuloma é um nódulo (“bolinha”) formado ao longo do tempo como resultado a reação imunológica do corpo ao esperma que vaza da extremidade cortada do ducto deferente. Pode causar dor ou desconforto, embora não seja perigoso. Contudo, o granuloma é tratado simplesmente com anti-inflamatórios, sendo uma nova cirurgia raramente indicada.
Logo após a vasectomia, o paciente deverá aguardar 3 meses e ter ao menos 20 ejaculações até a realização de um novo espermograma para confirmar que não há mais espermatozoides no esperma. Portanto, até essa confirmação, o paciente deverá utilizar outros métodos contraceptivos durante as relações sexuais (camisinha, pílulas anticoncepcionais e DIU, por exemplo.).
É importante lembrar que a vasectomia não previne o contágio e a transmissão de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Portanto, homens com mais de uma parceira devem considerar manter a utilização de preservativos para prevenir o risco de DSTs.
Até 5% dos homens submetidos a uma vasectomia decidirá por revertê-la ao longo da vida. O procedimento de reversão da vasectomia é denominado “vasovasostomia”. Assim, trata-se de uma técnica microcirúrgica (realizada por meio de microscópio) que reconecta os vasos deferentes.
A taxa de sucesso da reversão da vasectomia varia conforme as condições dos ductos deferentes. Portanto é menor quanto maior o tempo decorrido da vasectomia (quanto mais tempo passou, menor a chance de sucesso). No Brasil, a reversão da vasectomia não é coberta pela maioria dos planos de saúde.