Hiperplasia prostática benigna (aumento da próstata)

aumento da prostata

Hiperplasia prostática Benigna (HPB) é o termo médico utilizado para descrever o aumento da próstata não relacionado a câncer. Nesse sentido, a glândula prostática que envolve a uretra pode crescer a ponto de obstruir o fluxo de urina. Assim, causa sintomas muito incômodos aos pacientes.

 

Epidemiologia

 

O aumento da próstata ocorre mais frequentemente em pessoas mais velhas. O peso normal da próstata aos 20-30 anos é de 20g (tamanho de uma noz), aumentando ao longo dos anos (pode chegar até mesmo a mais de 100g). No entanto, entre a 5ª e 6ª décadas de vida, 50% dos homens apresentarão próstatas de volume aumentado (HPB). Enquanto homens acima dos 80 anos apresentarão aumento da próstata em mais de 80% das vezes. Além disso, o mesmo se aplica aos sintomas urinários causados pelo aumento da próstata, em que 25% dos homens terão sintomas incômodos aos 50 anos. Já aos 80 anos, quase 50% dos homens irão, sem dúvida, se queixar de sintomas urinários.

 

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Fatores de risco

 

Ainda não se sabe exatamente quais os motivos para alguém desenvolver o aumento da próstata. Entretanto, muitos fatores estão sendo estudados para correlacionar com o risco de desenvolvimento da doença. Por exemplo:

 

– Etnia:  Há um risco similar de desenvolver aumento da próstata, sobretudo, entre brancos e negros. Todavia, orientais parecem ter um risco menor.

 

– Níveis hormonais: Alguns estudos parecem demonstrar que altos níveis de testosterona e estrogênio reduzem o risco de aumento prostático (HPB).

 

Infecção: Infecções urinárias e da próstata (prostatite) aumentam o risco de hiperplasia prostática benigna bem como dos sintomas urinários decorrentes dela.

 

– Anti-inflamatórios: Seu uso está relacionado a um menor risco de aumento da próstata, assim como na melhora dos sintomas. No entanto é necessário ter cuidado, pois seu uso podem causar gastrite e até úlceras no estômago.

 

– Impotência: A disfunção erétil está, de fato, relacionada a um maior risco de aumento da próstata.

 

– Exercícios Físicos: A prática regular de atividades físicas está, sem dúvida, relacionada a uma redução na frequência de sintomas urinários.

 

– Predisposição Genética (História Familiar): 20% dos pacientes com hiperplasia prostática benigna apresentam algum antecedente familiar da doença. Dessa forma, o aumento da próstata pode ocorrer em pacientes mais jovens.

 

Sintomas de aumento da próstata

 

Os sintomas urinários decorrentes do aumento da próstata geralmente se iniciam após os 50 anos de idade. Contudo, pioram com o decorrer da idade (pior nos mais velhos). Não há correlação dos sintomas com o volume da próstata. Nesse sentido, próstatas pequenas podem ser muito sintomáticas, enquanto algumas próstatas grandes podem não causar nenhum problema.

 

São sintomas frequentes:

 

– Aumento da frequência urinária, principalmente durante a noite (noctúria);

– Jato de urina fraco, entrecortado ou então necessidade de esforço para iniciar a micção;

– Urgência para urinar, caracterizado por um desejo intenso de ir ao banheiro, às vezes acompanhada por uma perda de urina na cueca;

– Gotejamento de urina no final da micção (fica “pingando”);

– Retenção urinária aguda (urina fica presa / incapacidade de urinar) pode ocorrer. Dessa forma, causa muita dor e há necessidade de ir ao pronto-socorro.

 

Diagnóstico de aumento da próstata

 

Toque Retal

 

Por meio do toque retal (“exame de próstata”) é possível estimar o volume e a forma da próstata. Assim como pesquisar se há algum nódulo (“caroço”) sugestivo de câncer.

 

Diário Miccional

 

Diário realizado pelo próprio paciente em que ele anota, durante 24 horas, o horário e o volume de todas as vezes que urinou, assim como quais sintomas apresentou durante o dia. Dessa maneira é possível compreender exatamente o hábito urinário do paciente e, assim, é possível avaliar melhor a resposta ao tratamento.

 

Exames de Urina

 

Tem como objetivo pesquisar se há presença de infecção urinária, capaz de piorar ou então justificar os sintomas urinários.

 

Exames de Sangue

 

A coleta de exames de sangue em pacientes com aumento da próstata é muito importante. Desse modo é possível determinar se a obstrução urinária está comprometendo a função dos rins (creatinina), bem como se há sinais de câncer na próstata (PSA).

 

Ultrassom de Próstata

 

Utilizado para determinar com mais precisão a forma e o volume da próstata, bem como investigar se há alterações na parede da bexiga. Neste exame, além disso, é possível avaliar se o paciente consegue esvaziar bem a bexiga por meio da aferição do resíduo urinário pós-miccional (quanto de urina fica na bexiga após urinar).

 

Urofluxometria Livre

 

Exame em que o paciente urina em um funil ligado a um sensor que determina o volume e a velocidade do fluxo de urina (jato urinário). Dessan forma, pacientes com obstrução pelo aumento da próstata apresentam valores baixos no fluxo (jato fraco).

 

Estudo Urodinâmico

 

Exame complexo da bexiga, capaz de determinar o quanto de força o órgão faz durante a micção (diagnostica obstrução). Assim como se a bexiga contrai involuntariamente (diagnóstico de bexiga hiperativa).

 

Uretrocistoscopia

 

Exame em que se introduz uma câmera pela uretra para, assim, observar se há alguma alteração na uretra (estreitamento), próstata ou na bexiga que, de fato, justifiquem os sintomas urinários.

 

Tratamento conservador

 

Pacientes com aumento da próstata que tenham sintomas leves ou que sejam assintomáticos (sem sintomas) não precisam de qualquer tratamento especial. Portanto, está indicado o acompanhamento regular com o urologista para observar a progressão dos sintomas. Isso porque, em alguns casos, os sintomas “desaparecem sozinhos”. Apesar de não oferecermos nenhum remédio ou cirurgia, é muito importante que os pacientes adotem algumas medidas de estilo de vida para evitar futuros problemas da próstata. Por exemplo, alimentação saudável, perda de peso, evitar o consumo de cafeína e bebidas alcoólicas. Assim como praticar exercícios físicos regularmente, controlar o diabetes, parar de fumar e evitar o consumo excessivo de líquidos durante a noite.

 

Tratamento medicamentoso

 

Muitos medicamentos podem ser utilizados para o aumento da próstata, são eles:

 

  • Alfa-Bloqueadores (Tamsulosina / Doxazosina): São medicamentos que relaxam a musculatura da próstata. Dessa maneira, reduzem a obstrução ao fluxo de urina e, assim, melhoram os sintomas urinários. São os primeiros medicamentos a serem receitados e, de fato, apresentam um ótimo resultado. Devem ser tomados a noite, antes de dormir, pois podem provocar hipotensão ao se levantar;
  • Inibidores da 5-Alfa-Redutase (Finasterida / Dutasterida): São medicamentos que reduzem o tamanho da próstata, melhorando os sintomas apenas após 6 meses de uso. São indicados para próstatas maiores (maior de 60g) e tem efeito melhor quando utilizadas em conjunto com os alfa-bloqueadores (terapia combinada). Em alguns pacientes pode causar problemas na ereção (disfunção erétil);
  • Inibidores da Fosfodiesterase-5 (Tadalafila): São remédios tradicionalmente utilizados para o tratamento da disfunção erétil (impotência) mas que também possuem um efeito de relaxamento da próstata, melhorando os sintomas urinários. Indicado em pacientes que apresentem hiperplasia prostática benigna (aumento da próstata / HPB) que também queixem-se de disfunção erétil (impotência). Melhores resultados quando utilizados em conjunto com os alfa-bloqueadores (tamsulosina).

 

 

Tratamento cirúrgico

 

Indicações: O tratamento cirúrgico do aumento da próstata é indicado quando há falha no tratamento conservador e medicamentoso ou há piora da função renal em decorrência da obstrução do fluxo urinário. Além disso, pode ser feito quando há retenção urinária aguda (urina presa), quando o paciente começa a ter muitas infecções urinária, formam-se cálculos (pedras) dentro da bexiga e o paciente deseja abandonar o uso dos medicamentos.

 

Ressecção Transuretral da Próstata (RTU de próstata)

 

Procedimento em que se introduz uma câmera pela uretra. Em seguida, utiliza-se uma alça de energia mono ou bipolar para ressecar (“raspar”) a próstata que envolve a uretra, facilitando assim o fluxo de urina. É considerada ainda hoje, sem dúvida, como sendo o melhor tratamento (padrão-ouro) para o aumento da próstata. Isso porque é amplamente disponível, tem excelentes e duradouros (mais de 20 anos) resultados e apresenta baixos riscos de efeitos-colaterais.

 

Incisão Transuretral da Próstata

 

É uma variação da RTU de próstata, indicada em próstatas pequenas (menores de 30g) e obstrutivas. No entanto, a diferença entre eles é que neste procedimento se realiza uma incisão (“corte”) na próstata com uma lâmina fria (“faca”) ou laser. Desse modo, provoca a separação das fibras musculares da próstata e abre o canal uretral para facilitar a passagem da urina.

 

Plasma-vaporização da Próstata

 

Procedimento similar a RTU de próstata tradicional, mas, neste caso, utiliza-se um probe especial que destrói o tecido prostático (ablação) entre 2 eletrodos (“plasma button”).

 

Fotovaporização da Próstata com Laser (GreenLight Laser)

 

Neste procedimento utiliza-se uma fibra de laser especial (GreenLight) que destrói o tecido prostático. Embora os resultados sejam muito similares ao da RTU de próstata, neste procedimento há menor risco de sangramento. Por isso, pode ser realizado em pacientes anticoagulados ou com graves doenças cardíacas.

 

Enucleação da Próstata com Laser (HoLEP)

 

Procedimento que utiliza uma fibra de laser de alta potência para “cortar” bem como retirar a próstata inteira (enucleação). A próstata ressecada é jogada para dentro da bexiga, morcelada (“triturada”) e retirada pela própria uretra, sem necessidade de cortes. Portanto, a vantagem desta cirurgia consiste no fato de poder ser realizada em próstatas muito grandes (maiores de 100g), sem a necessidade de se realizar cortes no abdômen. Desse modo, é menos invasiva.

Prostatectomia Videolaparoscópica / Robótica

 

Procedimentos raramente utilizados hoje para o tratamento do aumento da próstata. Nesse sentido são indicados apenas para próstatas muito grandes (maiores de 100g). Estas técnicas substituíram as cirurgias abertas realizadas antigamente. Dessa forma, resultam em cicatrizes mais discretas, menores perdas sanguíneas, menor risco de transfusão de sangue, bem como alta hospitalar mais precoce e retorno mais rápido as atividades profissionais/cotidianas.

 

Embolização da Próstata

 

Consiste na oclusão das artérias que irrigam a próstata por meio de pequenas incisões nas virilhas, gerando uma espécie de “infarto prostático”. Este “infarto” teoricamente levaria a morte celular e a redução no volume prostático, melhorando os sintomas obstrutivos da próstata. Apesar de alguns resultados promissores, esta técnica ainda está em fase de estudos clínicos, não sendo ainda recomendada para o tratamento da hiperplasia prostática benigna (aumento da próstata / HPB).

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