Infecção de urina é o nome dado a qualquer processo infeccioso (bactérias, vírus ou fungos) envolvendo os órgãos do trato urinário. Estes são responsáveis pela produção, transporte e armazenamento da urina. Entretanto, quando uma pessoa apresenta mais de 2 episódios de infecção urinária em 6 meses ou mais de 3 episódios em 1 ano, considera-se que existe um quadro de “infecção urinária de repetição” (recorrentes). De fato, é muito mais comum que os pacientes apresentem infecções urinárias recorrentes restritas a bexiga (cistite). O acometimento frequente dos rins (pielonefrite) é mais raro e preocupante.
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A infecção urinária é muito comum, ocorrendo 3 a 5% da população mundial. Nos Estados Unidos (EUA), por exemplo, mais de 100 mil consultas por ano são decorrentes de infecções urinárias. Dessa forma, gera um gasto anual de cerca $3.5 bilhões de dólares com seu tratamento. Ambos os tipos de infecção urinária (cistite e pielonefrite) são mais comuns em mulheres do que em homens. Entretanto, nas mulheres, as infecções de urina são mais comuns em 3 períodos da vida (3 picos): infância, início das atividades sexuais e na gestação.
– Relações sexuais frequentes (principal fator de risco);
– Novo parceiro sexual;
– Mãe com história de infecções de urina recorrentes;
– Infecções urinárias durante a infância.
– Presença de infecções de urina antes da menopausa;
– Incontinência urinária (perda de urina) ou prolapso vaginal;
– Mucosa (revestimento) vaginal frágil;
– Incapacidade de esvaziar completamente a bexiga (resíduo urinário);
– Pacientes que vivem em “casa de repouso”;
– Distúrbios neurológicos na bexiga (bexiga neurogênica).
Pacientes com infecção urinária de repetição têm necessidade de uma investigação mais completa. Dessa forma é possível determinar a causa da frequência aumentada dos episódios infecciosos.
– Exame de Urina (Urina I / Urocultura): Solicitados para confirmar a infecção urinária bem como identificar com precisão a bactéria responsável pela infecção. Por isso é importante determinar se a bactéria responsável pela infecção é a mesma da última vez (persistência bacteriana) ou então se é uma diferente (reinfecção). Muitas vezes, pacientes com infecções recorrentes possuem bactérias com resistência a um grande número de antibióticos. Desse modo é necessário o tratamento correto, guiado pelo antibiograma, para cuidar adequadamente da infecção.
– Ultrassonografia e Tomografia: São exames recomendados durante a investigação de pacientes com infecções urinárias de repetição. São feitos a fim de diagnosticar possíveis anomalias anatômicas do trato urinário ou outras doenças concomitantes com pedras nos rins.
– Cistoscopia: Exame em que se insere uma câmera pela uretra dentro da bexiga com o intuito de observar se há alguma alteração que pode ser responsável pelas infecções repetidas.
O tratamento das infecções urinárias de repetição em mulheres saudáveis é, de fato, idêntico ao tratamento das infecções esporádicas.
– Antibiótico: São antibióticos, geralmente, utilizados a nitrofurantoína, o Bactrim e a fosfomicina (Monuril). Os sintomas costumam acabar após 1 dia. No entanto, se persistirem por mais de 3 dias é importante que haja uma reavaliação pelo urologista.
– Medidas Preventivas: Aumento da ingestão hídrica (beber mais água), urinar logo após relações sexuais e com frequência (no máximo a cada 2 horas). Além disso, evitar lavar demais a região vaginal e o uso de sabonetes íntimos. Isso porque matam as bactérias “do bem”, que competem com as infecciosas por alimento.
– Reposição Hormonal: Em pacientes pós-menopausa, a reposição hormonal com estrogênio por boca ou então através de cremes vaginais melhora a qualidade da mucosa vaginal (pele que reveste a vagina). Além disso, protege contra a infecção bacteriana.
– Antibiótico Profilático: O termo “antibiótico-profilaxia” é utilizado quando uma pessoa usa um antibiótico em doses baixas, mesmo sem ter infecção ativa, como forma de evitar a ocorrência de uma nova infecção. Assim, com relação a prevenção de infecções urinárias, é possível que o paciente faça uso de antibióticos diários (1 comprimido por dia) por um curso de 6 meses. Logo após este período, interrompe-se a medicação e, então, espera-se que permaneça livre de novas infecções.
– Profilaxia Pós-Coito: Para pacientes que apresentam infecções urinárias recorrentes após relações sexuais é possível orientar que tome 1 comprimido de antibiótico depois de cada relação, com o intuito de evitar novas infecções.
– Terapia Imunológica (UroVaxom): Este medicamento pode ser usado a fim de fortalecer o sistema imunológico do paciente. Dessa forma, evita-se que haja novas infecções de urina (espécie de “vacina”). Por isso é necessário que se utilize a medicação por 3 meses consecutivos (alternativa a antibiótico profilaxia).