O que é o Cistite Intersticial?
Cistite intersticial, também conhecida como Síndrome da Dor Vesical ou Síndrome da Bexiga Dolorosa, corresponde a um conjunto de sintomas e não a uma única doença. Nesse sentido, é definida pela Sociedade Americana de Urologia como uma sensação desconfortável (dor, pressão, desconforto) na região da bexiga. Além disso, está associada a sintomas do trato urinário, com mais de 6 semanas de duração, na ausência de infecção ou então de outra causa identificável (diagnóstico de exclusão).
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Quem é afetado pela Cistite Intersticial?
A Cistite Intersticial afeta cerca de 2% da população, mas é muito mais frequente no sexo feminino (10 mulheres : 1 homem). Ocorre, principalmente, em pessoas acima dos 40 anos.
Causas da Cistite Intersticial
Pouco se sabe sobre a Cistite Intersticial. É possível identificar algumas alterações na parede da bexiga nesses pacientes. Entretanto, ainda não se confirmou se essas alterações são as responsáveis pelo surgimento dos sintomas.
É possível que ocorra uma hipersensibilidade dos nervos responsáveis pela sensação de dor na bexiga urinária, assim como nervos fora da bexiga (abdome, pelve, pernas e quadril). São causas possíveis para a gênese da cistite intersticial:
- Infecções urinárias de repetição;
- Vaginites ou prostatites prévias (infecções ou inflamações da vagina ou próstata);
- Cirurgias vaginais ou pélvicas prévias;
- Trauma de bacia (cair sobre o cóccix, por exemplo)
Sintomas da Cistite Intersticial
Os sintomas da Síndrome da Bexiga Dolorosa podem variar conforme a pessoa e de uma episódio para outro. Entretanto, são sintomas comuns:
- Dor que piora quando a bexiga está cheia, mas melhora após urinar;
- Desejo frequente ou urgente de urinar durante o dia e a noite;
- Dor presente na região do abdômen inferior (perto do osso púbico) ou então na região da uretra;
- Sintomas que aumentam de intensidade ao longo dos meses;
- Geralmente associado a outros sintomas crônicos como, por exemplo, a Síndrome do Intestino Irritável, menstruações dolorosas, endometriose, fibromialgia, prostatite ou dor nas relações sexuais.
Diagnóstico da Cistite Intersticial
- Exame Físico: Geralmente inclui o exame pélvico completo. Mulheres, normalmente, têm dor ao palpar o abdômen inferior, quadris e vagina. Em contrapartida, homens costumam ter dor ao palpar o pênis e o escroto;
- Diário Miccional: Diário realizado pelo próprio paciente no qual ele anota, durante 24 horas, o horário bem como o volume de todas as vezes que urinou. Assim como quais sintomas apresentou durante o dia. Dessa maneira é possível compreender exatamente o hábito urinário do paciente e, portanto, é possível avaliar melhor a resposta ao tratamento;
- Exames de Urina: Tem como objetivo pesquisar se há presença de infecção urinária, capaz de piorar ou justificar os sintomas urinários. Então, caso haja infecção, não se pode afirmar que se trata mesmo de cistite intersticial;
- Ultrassom da Bexiga e dos Rins: Utilizado para se excluir outras causas de dor na região da bexiga que não sejam por cistite intersticial. Avalia-se a presença de cálculos (pedras) na bexiga e nos rins, procura-se sinais de câncer de bexiga e câncer ginecológico. Deve-se também medir o Resíduo Pós-Miccional, que é a quantidade de urina que sobra na bexiga após urinar;
- Estudo Urodinâmico: Exame complexo da bexiga, capaz de determinar o quanto de força a bexiga faz durante a micção (diagnostica obstrução) e se a bexiga contrai involuntariamente (diagnóstico de bexiga hiperativa);
- Cistoscopia: Exame em que se introduz uma câmera pela uretra para observar se há alguma alteração na bexiga que justifique os sintomas urinários. O paciente com cistite intersticial (Síndrome da bexiga dolorosa) pode ter alterações na parede da bexiga mas também pode ter o exame completamente normal.
Tratamentos clínicos da Cistite Intersticial
Mudanças Comportamentais
- Evitar fatores que pioram as crises de dor na bexiga como, por exemplo, constipação, comidas apimentadas, álcool e café, andar de bicicleta, etc.;
- Praticar exercícios físicos regularmente reduz os sintomas da cistite intersticial (Síndrome da Dor vesical);
- Manejo do estresse e práticas de relaxamento como Yoga. Isso porque os sintomas da cistite intersticial (Síndrome da Bexiga dolorosa) pioram nitidamente com o estresse, ansiedade e depressão.
Controle dos Sintomas
- Diagnóstico e tratamento da depressão e da ansiedade provocam uma evidente melhora nos sintomas de dor na bexiga;
- A fisioterapia pélvica não apenas melhora os sintomas de dor vesical, mas também os sinais urinários associados como a alta frequência para urinar e a urgência miccional;
- Uso de analgésicos como, por exemplo, dipirona e paracetamol podem ser utilizados durante as crises;
- Medicamentos orais como amtriptilina, cimetidina e hidroxizina são utilizados na cistite intersticial para controlar os sintomas e evitar crises de dor.
Instilações Vesicais
É possível instilar substâncias dentro da bexiga que provocam o alívio dos sintomas de dor em pacientes com cistite intersticial (Síndrome da dor vesical). Essas substâncias podem ser.
- DMSO: Dimetilsulfóxido é um medicamento líquido para tratar a cistite intersticial. O DMSO é instilado na bexiga por um cateter e mantido dentro dela por 20 minutos, sendo retirado depois. Esse tratamento é realizado geralmente 1 vez/semana, por 6 a 8 semanas. É, de fato, um tratamento seguro e com poucos efeitos colaterais;
- Outros Medicamentos: Podem ser utilizadas combinações de medicamentos como a lidocaína, heparina e o bicarbonato de sódio. Nesse sentido, essa combinação pode acelerar o reparo da parede vesical e, assim, reduzir a sensibilidade dos nervos da bexiga.
Tratamentos cirúrgicos
- Cistoscopia e Hidrodistensão
Neste procedimento introduz-se uma câmera pela uretra para observar se há alguma alteração na bexiga que justifique os sintomas urinários. O paciente com cistite intersticial (Síndrome da bexiga dolorosa) pode ter algumas úlceras (feridas) na parede da bexiga que podem ser cauterizadas (queimadas) para melhorar a dor. Também é possível realizar o enchimento artificial da bexiga sob anestesia na tentativa de aumentar o seu volume e a capacidade de armazenamento de urina, reduzindo a frequência elevada de micções e a urgência urinária.